Coisas de Leon Eliachar
01.
A melhor maneira de uma mulher prender o marido em casa é ela própria dormir fora de casa.
02.
Um truque fácil e prático para uma mulher se tornar mais bonita é andar sempre acompanhada de uma mulher feia. Já a mulher feia deve andar acompanhada de uma mulher ainda mais feia.
03.
O incompetente acha o profissional um chato.
04.
Pior do que um menino prodígio só o pai do menino prodígio.
05.
A única mulher realmente diferente é a que admite ser igual às outras.
06.
Conceito de liberdade: fazer o que a gente quer na hora que os outros deixam.
07.
Conselho útil: não siga conselhos. Conselho inútil: não dê conselhos.
08.
Passei a vida toda me deixando enganar. Mas foi gostoso: uma das maiores sensações da vida é acreditar no ser humano.
09.
É ridículo pensar no futuro a longo prazo. Futuro é ano que vem, mês que vem, semana que vem é, amanhã. Se possível, ainda hoje.
10.
Sou egoísta, como todo mundo, mas nunca revelo isto a ninguém. Como todo mundo.
11.
Deixar uma mulher é relativamente fácil. Difícil é deixar de fumar.
12.
O importante na vida é não ser importante.
13.
Nunca faço anos, faço dias, porque não tenho paciência de esperar.
14. PRECISA-SE
— Precisa-se de uma mulher com pernas bonitas para fazer anúncio de cigarro.
— Precisa-se de mulher sem passado para um cargo de futuro.
— Precisa-se de governanta que saiba guardar segredo, inclusive este.
15. A MULHER NO ANALISTA:
— Doutor, não tenho dinheiro suficiente pra lhe pagar a consulta. O senhor não poderia me restituir uns dois ou três complexos?
16. A MULHER NA MODA
— A mulher veste o que o homem investe.
— A moda pode cair, mas a mulher nunca cai de moda.
— A mulher segue a moda para ser seguida pelo homem.
17. MANCHETES POLICIAIS
— Solucionado o crime sem solução: não houve crime.
— Serrou a mulher ao meio e escondeu a metade. A polícia não sabe quem é a vítima, pois só encontrou a metade de baixo.
— Marido enganado mata melhor amigo por engano. A polícia garante que se ele não tivesse se enganado teria de matar pelo menos cinco.
— Revisor comete crime perfeito e prefeito é condenado.
— Quatro bailarinas suspeitas na morte do cisne.
— Ladrão caiu do telhado dentro do hospício e se disfarçou de Napoleão. Foi posto na rua pelo Almirante Nelson.
18. ASSALTO — COMO EVITÁ-LO
01º
Não sair de casa.
02º
Não ficar em casa.
03º
Se sair, não sair acompanhado. Nem sozinho.
04º
Se sair sozinho ou acompanhado, não sair a pé. Nem de carro.
05º
Se sair a pé, não andar devagar. Nem depressa. Nem parar.
06º
Se sair de carro, não parar nas esquinas. Nem no meio da rua. Nem nas calçadas. Nem nos postos de gasolina. Nem nos sinais. Melhor é deixar o carro e pegar uma condução.
07º
Se pegar uma condução, não pegar ônibus. Nem táxi. Nem trem. Nem carona.
08º
Se decidir ficar em casa. não ficar sozinho. Nem acompanhado.
09º
Se ficar sozinho ou acompanhado, não deixar a porta aberta. Nem fechada.
10º
Como não adianta mudar de cidade, nem de país, o único jeito é ficar no ar. Mas não num avião.
19. BONS TEMPOS AQUELES...
... em que a comunicação era mais fácil porque não havia tantos meios de comunicação.
... em que o salário mínimo era o máximo.
... em que o fim do mês não era o fim.
... em que era mais fácil encontrar mulheres difíceis.
... em que as mulheres gostavam de homens bonitos e os homens bonitos gostavam de mulheres. ... em que não havia igualdade de direitos e quem mandava mesmo era a mulher.
LEON ELIACHAR
(Cairo, 12 de outubro de 1922 — Rio de Janeiro, 29 de maio de 1987)
Jornalista de humor e escritor brasileiro nascido no Egito. Veio para o Brasil muito pequeno e viveu quase toda a vida no Rio de Janeiro, onde morreu assassinado, a mando de um rico fazendeiro paranaense com cuja esposa o autor vinha mantendo um romance.
Nos jornais desde os 19 anos de idade, trabalhou em diversos, e em algumas revistas, fixando-se, no Última Hora, onde mantinha uma página com o título de Penúltima Hora. Justificava o nome da página com a legenda "um jornal feito na véspera".
Autor de rádio e secretário da revista Manchete, fazia na TV Tupi um quadro de humor semanal, que hoje seria chamado standup.
Em 1956 foi laureado com o primeiro prêmio na IX Exposição Internacional de Humorismo realizada na Europa, em Bordighera, na Itália.